Exposição “50 Anos de Abril — Livros e Poesia“
2024 —
50 anos de Abril
Há 50 anos, no dia 25 de Abril de 1974, às zero horas e vinte e nove minutos, Portugal recuperou a liberdade. Era o fim da ditadura fascista de Salazar e Marcelo Caetano, que oprimiam o país há 48 anos.
Esta exposição da CJS-UVigo, 2024 / 50 anos de Abril, conta simbolicamente com 50 livros e 50 poemas. Quer dar uma ideia do que foi a ação conjunta do Movimento das Forças Armadas (MFA) e do povo português, de mulheres e homens anónimos, de escritoras e escritores, na chamada Revolução dos Cravos.
Uma primeira parte da exposição, 50 Poemas de Abril — Poesia para levar, inspira-se num cartaz. Depois do 25 de Abril, Portugal encheu-se de murais, graffiti e cartazes. Um país onde imperava o cinzento, literal e metafórico, redescobria cores vivas, do vermelho dos cravos a todas as demais. A criatividade e euforia em cartazes e murais, com inúmeros estilos gráficos e iconográficos, eram também um sinal da liberdade recuperada. Talvez um dos mais louvados cartazes de Abril, do qual existem duas versões, era da já então conceituada pintora Maria Helena Vieira da Silva. Foi realizado em 1974, sob proposta da grande poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, de quem é o verso que deu título aos dois cartazes: “A Poesia está na Rua”.
Por um brevíssimo tempo, o poder caiu nas mãos das pessoas na rua, mas o 25 de novembro de 1975 fechou esta porta. O que ficou, porém, foi o poder da poesia e da música de intervenção e de protesto, que literalmente povoaram as ruas depois do 25 de Abril. Os “Poemas para levar” querem exemplificar também esta indispensável relação entre poesia e política. Incluem-se também perspectivas críticas, assim como exemplos de poemas dos âmbitos galego e espanhol.
A música da revolução, um poderoso meio de expressão e de mobilização popular, documenta-se através das letras de algumas canções célebres, portuguesas e brasileiras, cujos códigos QR levam às versões originais. Na seleção geral destes poemas para levar privilegiamos a palavra das autoras.
A segunda parte da exposição, 50 Livros de Abril, reúne uma seleção de 50 volumes de história, fotobiografias, romance, teatro, poesia e exemplos de publicações censuradas durante a ditadura. A partir do fundo da Biblioteca de Filologia, completado com volumes emprestados, propomos algumas linhas de leituras possíveis sobre os acontecimentos antes e depois da revolução. Tudo isso num ano que ainda trará numerosas novidades (algumas já encomendadas, mas que ainda não chegaram à biblioteca).
Esta exposição é uma homenagem a quem fez e viveu a Revolução do 25 de Abril, que devolveu à sociedade portuguesa a liberdade nos espaços público e privado, a liberdade de expressão — em palavras, em gestos, na voz e na arte. Mas também não esquece as novas gerações que continuam, com uma memória ativa, a (re)pensar a liberdade em cada dia. No poema “Vem ciclónica a luz que te vai mordendo o rosto” (13/4/2024), Cláudia R. Sampaio formula essa necessidade de continuarmos Abril de forma insistente:
Agita-te, descalça-te de sossego, pois que já o sabias:
Nenhum dia será teu sem liberdade
50 Poemas de Abril para levar
Pavilhão Central, FFT (15-29/04/2024, segunda a sexta-feira, 8:30-20:45).
Fundación Vicente Risco, Allariz (25/04/2024, 20:00).
Camões – Centro Cultural Português, Vigo (25/0-31/05/2024).
50 Livros de Abril
Biblioteca de Filologia, FFT (15-29/04/2024, segunda a sexta-feira, 8:30-20:45).
Organização: CJS-UVigo e POEPOLIT II.
Curadoria: Xosé Bieito Arias Freixedo, Burghard Baltrusch, André Bernardo.
Convidamos a deixar comentários no Facebook ou Instagram da Cátedra Internacional José Saramago.
Notícias sobre a exposição: