José Saramago: a Lucidez da Escrita
Recentemente foi publicado o volume José Saramago: a Lucidez da Escrita (Lisboa, Tinta-da-China, 2023), com organização de Carlos Nogueira.
A obra organiza-se num prefácio (a cargo do organizador) e 17 capítulos em torno à lucidez presente no conjunto da obra e o pensamento do escritor português, a maioria dos quais advém de conferências apresentadas na nossa VI Conferência Internacional José Saramago da Universidade de Vigo (Lisboa, em regime presencial, no dia 10 de dezembro, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias; e em formato inteiramente em linha, nos dias 13 e 14 de dezembro de 2021). Com o fim de lhe conferir maior coerência, completam o volume os trabalhos de alguns outros especialistas saramaguianos.
Segundo se resume na contracapa:
«Este livro propõe‑nos olhares renovados sobre o pensamento, a escrita e a acção de José Saramago, e estimula‑nos a participar não só nos debates e nos desafios públicos mas também nos casos mais comuns da vida de todos os dias.
Diferentes no tipo de análise e na área do conhecimento em que se inscrevem, os capítulos deste volume convergem num aspecto transversal a toda a obra de José Saramago: a lucidez do autor de Ensaio sobre a Cegueira. Lucidez sobre o ser humano e a vida dos esquecidos, explorados e marginalizados, sobre os pensamentos e as palavras dos homens e das mulheres anónimos e subjugados através dos tempos, sobre a prepotência humana em relação a tudo o que constitui o mundo e o cosmo (animais, natureza, ambiente…). Lucidez (insubmissa perante qualquer espécie de autoritarismo) que se expressa num estilo singular, desconcertante, sedutor, variado, em que o mais coloquial se funde com o mais culto, o mais belo e inefável alterna com o mais cru.
Ao lermos José Saramago, ao escrevermos sobre Saramago, encontramo‑nos com um homem‑escritor que soube conciliar exigência moral, literatura sublime e ação pública, vemos a vida e descobrimo‑nos a nós próprios, tornamo‑nos mais conscientes do bem e do mal que há no mundo e na nossa mais secreta interioridade.»
No site da editora podem encontrar mais informações e descarregar um excerto do livro (que contém o prefácio na íntegra). Reproduzimos a seguir a relaçao dos capítulos que compõem este volume:
ÍNDICE
- (Prefácio) «A lucidez de José Saramago» (Carlos Nogueira)
- «Podia lá faltar o cão» (José Manuel Mendes)
- «A viagem das memórias: as (im)possibilidades da literatura num mundo que é péssimo» (José Vieira)
- «Que humanidade é esta? José Saramago e Graça Morais: imagens para O Ano de 1993» (Eunice Ribeiro)
- «Romance em preto e branco: intermidialidade e propaganda em O Ano da Morte de Ricardo Reis» (Sara Grünhagen)
- «Intermitências e matizes do fantástico em Saramago» (Maria João Simões)
- «Narrare ex auditu: a escrita de ouvido em História do Cerco de Lisboa» (Paulo Alexandre Pereira)
- «A(s) voz(es) de Saramago» (Nuno Júdice)
- «Da caverna de Platão para a caverna de Saramago: um movimento contrário e mais a fundo» (Vera Lopes da Silva)
- «História e poder no teatro saramaguiano» (Barbara Fraticelli)
- «Os Apontamentos de José Saramago: crónica de intervenção político-social para memória dos dias» (José Cândido de Oliveira Martins)
- «Karl Polanyi e José Saramago: intérpretes do capitalismo» (Antonio Mota Filho)
- «Os paradoxos de um olhar pessimista» (Ana Fauri)
- «Da imutabilidade à mutabilidade: a construção do eu em Todos os Nomes» (José N. Ornelas)
- «Sobre flores e armas — ou como Saramago e Bolsonaro podem nos ajudar a pensar o poder pedagógico no Brasil» (Fabrizio Uechi)
- «A jangada e o cerco: o terceiro mundo na utopia saramaguiana» (Luís Novais)
- «José Saramago desde Giorgio Agamben: anotaciones para leer la epidemia de ceguera» (Miguel Koleff)
- «"Pergunto para que servem os olhos": a arte e o mundo em A Cidade das Flores e Manual de Pintura e Caligrafia» (Orlando Grossegesse)