A exposição "Graça Morais e José Saramago: a arte de pensar O Ano de 1993" foi pela primeira vez mostrada em Vigo em outubro de 2022 no âmbito da VII Conferência Internacional José Saramago da Universidade de Vigo, por ocasião da comemoração do centenário nascimento de José Saramago (1922-2010), continua o seu percurso internacional. Após ter passado pela Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela (novembro 2022-janeiro 2023) e pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (março 2024), pode agora ser visitada também no Brasil na Universidade FEEVALE (Rio Grande do Sul).

No âmbito de uma ação de colaboração entre esta cátedra e a Universidade FEEVALE, esta nova edição da mostra, que aborda a amizade e o fértil encontro entre José Saramago e a pintora Graça Morais, estará em exibição no Espaço Cultural da FEEVALE até 16 de dezembro.

A abertura teve lugar no passado dia 10 de outubro, com presença do professor Daniel Conte, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Processos e Manifestações Culturais da Feevale, com o tema A gente não cabe na possibilidade da ausência. Como explicam no site da FEEVALE, esta exposição é "uma das ações do evento IX Mostra Cultural Manifeste-se, organizado pelos discentes do PPG".

Em 1987, José Saramago desafiou Graça Morais a conceber os desenhos que viriam a ser publicados na segunda edição do livro O Ano de 1993. A pintora produziu então uma série de dez composições que estabelecem um jogo com a natureza fragmentária do poema que referencia a repressão sobre a sociedade, a resistência, a violência revolucionária e, simultaneamente, o desejo de liberdade e a esperança. Contudo, Graça Morais recusou a ilustração direta, antes optando por (re)criar segmentos daquele universo onírico, ampliando assim o seu valor estético e poético. Nesta exposição recordamos este encontro poético entre a palavra escrita e a imagem, entre duas grandes personalidades cujas obras fecundas têm, sempre, o poder de nos interpelar.

Expõem-se, em reproduções de grande qualidade, 9 dos 10 desenhos feitos pela artista para essa segunda edição do livro, junto com um retrato do escritor, realizado em 2010, algum tempo após o seu falecimento. Fazem também parte da exposição os originais de três das quatro edições do livro, o documentário sobre Graça Morais Na cabeça de uma mulher está a história de uma aldeia, dirigido por Joana Morais; e uma entrevista da RTP com Saramago, de 1975, na qual o autor fala pela primeira vez, em público, sobre a obra. Os textos dos respectivos poemas acompanham cada pintura, cujas versões recitadas também podem ser ouvidas pelos visitantes.
 

Organização na Universidade Feevale: Daniel Conte, Caroline Bertani, Francine Tavares, Jéssica Levandovski, Laura Ribero Rueda.

Curadoria: Burghard Baltrusch, Egídia Souto, Joana Baião.

Conceito e produção: I Cátedra Internacional José Saramago da Universidade de Vigo, Instituto Politécnico de Bragança / Laboratório de Artes na Montanha - Graça Morais, Université Sorbonne Nouvelle (Paris) / CREPAL - Centre des recherches sur les pays lusophones.

[Imagem da abertura da exposição, por cortesia do professor Daniel Conte.]