Materiais para a Salvação do Mundo 7
Materiais para a Salvação do Mundo 7 No Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, com o qual a CJS- Vigo colabora, acaba de ser publicado o libreto Materiais para a Salvação do undo 7, com textos de Peter Haysom-Rodriguez, Lúcia Evangelista e Fernando Velasco. O volume está disponível aqui.
Na introdução, o organizador dos Seminários e editor do libreto, Pedro Eiras, escere: Entre 2013 e 2018, o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa rganizou uma série de Seminários do Fim do Mundo. Durante vinte e quatro sessões, falou- -se sobre a representação e o imaginário da catástrofe, o cancelamento do tempo, a ruína das civilizações, o desaparecimento da existência humana; convocaram-se perspectivas artísticas, filosóficas, teológicas, políticas; interrogaram-se poemas, filmes, bandas desenhadas, videojogos. Após um ano de intervalo (ou um descanso sabático…), urgia regressar a todas essas questões – para pensar o seu reverso. Se a História humana regista tantas formas de destruição e esquecimento, se o fim é uma ameaça insistente e plural, de que modo(s), pelo contrário, se pode salvar o mundo? Que palavras, gestos e acções permitem enfrentar a catástrofe e o aniquilamento? Como podem as artes inventar modelos de resistência, resgatar memórias, inaugurar um novo universo? E, finalmente: por que razão deve o mundo ser salvo? Para responder, o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa organiza, desde Novembro de 2020 (em plena segunda vaga da pandemia de Covid-19), os Seminários da Salvação do Mundo, realizados on-line e transmitidos pelo youtube. Os libretos Materiais para a Salvação do Mundo publicam textos resultantes desses seminários abertos, ou afins. Neste volume, Peter Haysom-Rodriguez lê Mundo, de Ana Luísa Amaral, a partir de uma perspectiva queer – ou melhor: queerente –, encontrando nesta poesia uma forma subtil de esperança e optimismo (mas salvaguardada por um trabalho da ironia e da incompletude), o projecto de reinvenção de um mundo justo, aberto a uma multiplicidade de formas, vivências, linguagens; Lúcia Evangelista parte de algumas perguntas radicais – vale a pena salvar o mundo? e qual mundo exactamente? – para mostrar como a literatura e a filosofia, de Alberto Pimenta a Ailton Krenak, questionam e denunciam a nossa civilização extrativista, consumista, reificadora, e propondo uma solução que alia uma política da resistência a uma arte da delicadeza; por fim, Fernando Velasco, em clave nietzschiana, desvenda sob o imaginário da salvação formas contemporâneas de niilismo e ressentimento, às quais se pode opor o modelo do eterno retorno, a exigente reinvenção de todos os valores, e – numa leitura de Herberto Helder – a experiência de procurar Singapura, ou seja, a experiência extrema da comoção e da esperança.