Universidade de Vigo
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Jose Saramago
 

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Literatura Oral/Tradicional

Linguagens poéticas

A poesia como linguagem, como forma de expressar os sentimentos mundo, costuma, muitas vezes ser tema da própria poesia. “Metalinguagem poética”, chamamos. Costuma também ser posta em diálogo com outros modos de apreciar a vida – outras construções de realidades. Assim, é comum pensar-se na poesia presente na arte urbana, na degustação de vinhos, na política, por exemplo, e vice-versa.

No mês de julho, na Galícia, em A Coruña, acompanhamos um evento de apresentação e degustação de vinhos com denominação de origem Ribeiro, acompanhadas pela apresentação poética de Yolanda Castaño e Lucía Aldao, em que as poetas abriram as atividades de apreciação, com os comentários e explicações de representantes das casas de vinhos. Mas o que isso tem a ver com a poesia oral?

Ora, temos diálogos poéticos. A poesia não está apenas escrita e publicada em livros. Assim como está na voz, é um estado de espírito. É um modo de aguçar e comunicar os sentidos do corpo. As percepções que narram o mundo enquanto narram a si.

Vilém Flusser, por exemplo, pensando nas transformações técnicas dos meios de comunicação apresenta uma ideia de códigos que, ao comunicar-se, criam novos códigos e, assim são apropriados e transformados pelos humanos. Fala da poesia como uma forma de utilização dos códigos da escrita, mas que também permite perceber a escrita – não apenas de letras – de códigos imagéticos, por exemplo, em uma tela de pintura. E na tela temos poesia.

A poesia está nas lutas sociais. Nesses lugares - que podem parecer mais duros, enquanto a poesia, no senso comum, seria apenas uma forma fluida e leve de perceber a vida – a poesia está como estratégia e instrumento de luta, de convocação e reconhecimento. É apontar o dedo para situações problemáticas e refletir sobre elas com propostas de mudanças. A poesia é o grito de ordem, é resistência.

A poesia é o uso de tudo o que se entende como língua e linguagem para apreciar o mundo. Vinho, pintura, política. Voz cantada, narrada, escrita. Corpo, cores, movimentos, performance. É o cotidiano e são as eventualidades transitando de ambientes, viajando entre as mentes e voltando ao mundo. É mais que formas fixas de métrica, rima e ritmo. É um ambiente comunicacional.

Publicado, 25/08/2017


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Poesia




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