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Saramago e os contemporâneos: jornada de leitura crítica (Aveiro, 18 de novembro)

 

No próximo dia 18 de novembro a partir das 9h00 terá lugar o encontro Saramago e os contemporâneos – jornada de leitura crítica no Auditório Aldónio Gomes do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro.

 

Disponibilizamos o programa e o livro de resumos da jornada nos anexos.

 

Ao lado de outros prestigiados investigadores e especialistas saramaguianos como Manuel Frias Martins (FLUL/APCL) ou Maria Fátima Marinho (FLUP), que farão as conferências de abertura e encerramento respetivamente, destacamos a participação do Professor Carlos Nogueira, da Cátedra José Saramago da Universidade de Vigo, com a comunicação «Saramago e as distopias».

 

«Saramago e as distopias»

Carlos Nogueira (Cátedra José Saramago Universidade de Vigo)

Resumo

O Ano de 1993, publicado em 1975 e, em segunda edição, com ilustrações de Graça Morais, em 1987, é um livro essencial para percebermos o percurso de Saramago como escritor, o seu envolvimento na vida política portuguesa, a sua visão e o seu imaginário interartísticos e a sua noção de mal. Escrita como  reação  desesperada  ao  fracasso  da  ação  militar  de  16  de  março  de 1974, esta é uma obra (maior, mas das menos reeditadas de Saramago) que merece mais leitores do que os que tem tido. Apesar das (poucas) receções críticas  que  se  lhe  dedicaram  na  altura  da  sua  publicação  e  de  algumas abordagens  mais  recentes,  continua  a  ser, proporcionalmente  à  sua qualidade, um texto pouco estudado e pouco lido.

Acrescento  algumas  linhas  de  leitura  àquelas  que  têm  sido  propostas. Argumento: para o já bem menos idealista Saramago de 1975 a 1978 (com quase 53 anos de vida cumpridos, em fevereiro de 1975, quando publicou O Ano  de  1993),  não  basta  perceber  que  as  instituições  sociais,  como proclamava Robespierre, são viciosas e contaminam o ser humano, nascido bom (Rousseau); há que olhar para a natureza humana com suspeição e há que saber como reformar as instituições, porque o bem e omal não estão, por si só e deterministicamente, nem no povo, nem nas elites que governam, nem em cada um de nós. Argumento ainda que a originalidade de O Ano de 1993 está na articulação (que eu diria perfeita) entre a forma e os conteúdos: uma  estrutura  e uma  linguagem  inusitadas,  num  autor  que  nos  livros anteriores adotava um registo clássico, sem dúvida pessoal mas não ímpar, acolhem temas universais (a violência e a crueldade extremas, a morte, a força da vida, o amor e o ódio, o bem e o mal...) e um imaginário em que, direta  ou  indiretamente,  entram nomes  como  H.  G.  Wells,  Kafka,  J.  R.  R. Tolkien, Aldous Huxley ou George Orwell.

 

Carlos Nogueira é professor universitário e diretor científico da I Cátedra Internacional José Saramago da Universidade de Vigo. O seu trabalho ensaístico tem-se centrado especialmente nas relações entre a Literatura, a Filosofia, a Política e o Direito. Tem publicado livros de ensaio em editoras como a Fundação Calouste Gulbenkian, a Imprensa Nacional –Casa da Moeda, a Porto Editora, as Edições Europa-América, as Edições Lusitânia, a Livraria Lello e a Tinta-da-China. Recebeu o  Prémio  Santander de  Internacionalização  da  Produção  Científica  da  FCSH  /  Universidade  Nova  de  Lisboa, o  Prémio Montepio de Ensaio, o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho e o Prémio de Ensaio Vergílio Ferreira.

 

[Imagem: Cartaz publicado no Facebook do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro na publicação sobre o evento.]

Publicado, 16/11/2022




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