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101º aniversário: A Responsibility to the World: Saramago, Politics, Philosophy

José Saramago — 101 anos

 

Neste 101º aniversário de José Saramago a I Cátedra Internacional José Saramago, com o apoio dos seus membros honoríficos e do grupo de investigação BiFeGa, oferece à memória do autor e à sua comunidade leitora a pré-publicação o livro

 

A Responsibility to the World: Saramago, Politics, Philosophy

(IbroLiT, Frank & Timme, 2023).

 

Os editores e coautores — Burghard Baltrusch (director da CJS-UVigo), Carlo Salzani (University of Innsbruck) e Kristof Vanhoutte (University of the Free State, Bloemfontein) — organizaram, no ano passado a “VII Conferência Internacional José Saramago da Universidade de Vigo – «A herança filosófica e sociopolítica de José Saramago»”, em colaboração com o Paris Institute for Critical Thinking (PICT), membro da nossa rede internacional Jangada.

 

Este volume reúne muitas das mais destacadas intervenções de especialistas dos âmbitos da filosofia, história e dos estudos literários. Na sua introdução, “Observing, Acting, Intervening: Saramago’s Responsibility to the World”, Baltrusch, Salzani e Vanhoutte fazem referência a uma entrevista que Saramago deu em 1987. Nela, o futuro Prémio Nobel expressou o que poderia ser interpretado como o seu credo político-filosófico, o qual, por sua vez, este livro adoptou como o fio condutor que percorre os ensaios e análises compilados:

 

"Os seres humanos não devem contentar-se com o papel de meros observadores. Têm uma responsabilidade para com o mundo; devem agir, intervir".

 

Saramago, não apenas enquanto ser humano e cidadão, mas também como escritor e artista, nunca se conformou com o papel de mero observador.

 

Seguindo a tríade "observar, agir, intervir", os ensaios compilados neste volume buscam explorar a intervenção do escritor e a sua responsabilidade perante o mundo: um compromisso pessoal que vai além da simples observação crítica e análise do estado do mundo, envolvendo também a tarefa de 'organizar' e, quiçá, transformar o pessimismo em acções de intervenção e mudanças no mundo e na humanidade. Desde perspectivas de filosofia, história, política, antropologia e literária, os treze trabalhos aqui reunidos pretendem analisar como tanto a persona pública quanto a persona artística de Saramago ficaram marcadas por um compromisso com a necessidade de remodelar o mundo:

 

Burghard Baltrusch, Carlo Salzani and Kristof K. P. Vanhoutte: “Observing, Acting, Intervening: Saramago’s Responsibility to the World” (9-21).

Marcia Tiburi: “Utopia/Dystopia: José Saramago and the Regency Apocalypse” (23-39).

Kristof K. P. Vanhoutte: “Islands and Boats: (Lucid?) Meditations on a Stone Utopia and a Naval Heterotopia in the Work of José Saramago” (41-61).

Raquel Varela and Roberto della Santa: “Raised from the Ground and the Spectre of Revolution” (63-91).

David Jenkins: “Seeing Populism in Seeing (93-107).

Marco Mazzocca: “The Color of Democracy” (109-121).

Carlo Sabbatini: “Saramago, Agamben, and the ‘Invention of an Epidemic’” (123-145).

Gustavo Racy: “Debord and Saramago: Allegories of the Society of Spectacle in Blindness and The Cave (147-159).

Burghard Baltrusch: “Approaching Death and Ethics in José Saramago through Blimunda’s Memorial” (161-187).

Egídia Souto and Philippe Charlier: “A Literary Autopsy: An Anthropological and Medical Approach to Saramago’s Oeuvre” (189-201).

Hania A. M. Nashef: “Canines: Unlikely Protagonists in the Novels of Coetzee, Saramago and Shibli” (203-221).

Carlo Salzani: “The Temptations of Anthropomorphism, or, How an Elephant Can Help Us Become Human” (223-241).

Miloš Ćipranić: “What is a Book?” (243-259).

 

No contexto da ambição política que acompanha este livro, da sua intenção de mantermos vivo o espírito crítico que caracterizou José Saramago até à sua morte, queremos lembrar, também, neste 101º aniversário, a “passarola” de Memorial do Convento. Gustavo Racy e Burghard Baltrusch referem-se a ela nos seus estudos, e talvez se possa dizer que a passarola contenha outro credo político-filosófico de Saramago. A passarola evidencia como a maioria dos romances e das personagens de Saramago desvendam questões existenciais. Ao perceberem as engrenagens da exploração pelo capitalismo contemporâneo, estas personagens conformam grupos libertários em fusão como aquele que constrói a passarola. A passarola, enquanto esforço de superar os condicionamentos histórico-políticos, afirma a vontade de um sujeito plural, capaz de criar uma atmosfera afectiva e revolucionária. Há cinco anos, na II Conferência Internacional José Saramago um grupo de estudantes do mestrado “Libro ilustrado e animación visual”, coordenado pela nossa colega na CJS, Sol Alonso, criou magníficas animações a partir de diferentes interpretações da passarola e que hoje recordamos em honra do nosso autor. Parabéns, José!

 

 

 

 

Publicado, 15/11/2023




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