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Mesa-redonda II - VII Conferência Internacional José Saramago - “Galicia na xangada do futuro: pensándonos a partir de José Saramago“

No âmbito da VII Conferência Internacional José Saramago: "A Herança Filosófica e Sociopolítica de José Saramago", no dia 28 de outubro, no Auditório do Centro de Visitantes do Parque Nacional Illas Atlánticas de Galicia, às 15h30, terá lugar a segunda mesa-redonda do evento: “A Galiza na jangada do futuro: pensando-nos a partir de Saramago”. 

 

Com moderação de Xosé María Gómez Clemente, membro do Departamento de Filoloxía Galega e Latina da Facultade de Filoloxía e Tradución da Universidade de Vigo, a segunda mesa-redonda contará com a participação de Carlos Quiroga (USC), de Marco Neves (UNL) e de Helena González Fernández (UB).

 

Esta mesa-redonda incidirá sobre o conceito de "transibericidade", ideia formulada por José Saramago e um dos temas centrais da sua obra. Dada a diversidade e complexidade das culturas ibéricas e a sua relação com os países africanos e da América do Sul, com esta ideia Saramago chamou a atenção para a necessidade de um diálogo racional e humanitário não só entre as identidades ibéricas europeias, mas também com os países da América e de África, colonizados pelo imperialismo português e espanhol.

Dentro desta jangada de culturas, encontram-se os galegos e as galegas com a sua complexa tradição cultural. Se, por um lado, foram "colonizados", por outro, também participaram ativamente na colonização de outros países. Na contemporaneidade, instala-se, na Galiza, um discurso sobre a emigração que oculta as realidades culturais, económicas e linguísticas da América. 

Neste sentido, durante o evento será discutida a necessidade de uma redefinição da posição galega no que toca às relações complexas pós e decoloniais. Ao mesmo tempo, procurar-se-á discutir a importância da formação de uma rede de alianças com os países e culturas vizinhos, com os quais se nutrem mais afinidades do que diferenças.

 

Carlos Quiroga, da Universidade de Santiago, falar-nos-á das relações de empatia entre José Saramago e o galeguismo de resistência e reintegracionista e desenhará um possível quadro de relações linguísticas e culturais entre Portugal e a Galiza.

 

Marco Neves, da Universidade Nova de Lisboa, fará uma reflexão sobre o modo linear com que vemos o mundo das línguas, no qual cada Estado tem a sua própria, o que se revela uma das maiores barreiras para o reconhecimento do galego. 

 

Helena González Fernández, da Universidade de Barcelona, desenvolverá o tema “Transibéricxs, nosoutrxs: amor, corpos precarios, política”, partindo da ideia da Galiza como um desses corpos precários. Para além disso, será desenvolvida a ideia de que a "transibericidade" de Saramago se maximiza na visão da Península Ibérica enquanto Estado-nação e na afirmação decolonial da América e de África. A partir das reflexões de González, a reflexão acerca da possibilidade de uma prática cultural da transibericidade, mais atenta à experiência dos corpos, além do discurso identitário de nação e de língua será um dos aspetos mencionados.

  

Xosé María Gómez Clemente é professor do Departamento de Filologia Galega e Latina da Universidade de Vigo. Doutorado em Filologia Galega pela Universidade de Santiago de Compostela, Xosé Clemente integra o grupo TALG (Tecnoloxías e Aplicacións da Lingua Galega), no qual estuda a neologia na língua galega e alguns aspetos de lexicologia, de lexicografia especializada e de semântica (Galnet-Wordnet galega). Atualmente, faz parte de um projeto, que obteve financiamento público, para a criação e redação de um dicionário histórico e etimológico da língua galega.

 

Carlos Quiroga é professor na USC e publicou poesia, romance, teatro, ensaio e obras híbridas, na Galiza, Portugal, Brasil e Itália. Recebeu prémios como o Carvalho Calero de narrativa, por duas vezes, e o Vicente Risco de Ciências Sociais. Fundou e dirigiu várias revistas, como O Mono da Tinta e Agália. Realizou experiências no meio audiovisual (eu-ka-lo, 2005) e na fotografia, periódica ou em livro (Saudade/Un murmullo intraducible no México). É autor de G.O.N.G. –mais de vinte poemas globais e um prefácio esperançado (1999), Periferias (1999; 2006 no Brasil), A Espera Crepuscular (2002), O Castelo da Lagoa de Antela/ Il Castello nello Stagno di Antela (2004, só em Itália), O Regresso a Arder (2005), Venezianas (2007, só em Portugal), Inxalá (2006; 2008 em Portugal, e novamente 2010 na Biblioteca de Verão de Clássicos Universais dos jornais JN e DN), Império do Ar: Cavalgadas de Daniel em Ilha Brasil (2013, só no Brasil), Peixe Babel (2016), A imagem de Portugal na Galiza (2016), ou Raízes de Pessoa na Galiza – o Pessoa galego (2018). Para além destas publicações, o seu romance Fractal, e as suas obras A costela galega de Eça de Queirós, Cartas de Contrasta e outros relatos, e Portugal segundo a Galiza (Theya Editores) acabam de ser publicadas no Brasil.

 

Marco Neves é professor na Universidade Nova de Lisboa e autor de várias obras sobre a língua portuguesa, em que presta especial atenção à relação com o galego. É investigador no CETAPS. É colunista no Sapo 24 e mantém a página "Certas Palavras", onde escreve com frequência sobre questões linguísticas e culturais.

 

Helena González Fernández é diretora do ADHUC (Centre de Recerca Teoria, Gènere i Sexualitat da Universitat de Barcelona), professora de Estudos Galegos e Portugueses e académica correspondente da Academia Galega. A sua área de investigação académica centra-se na crítica literária feminista, na cultura popular, na teoria das emoções e nos estudos de género. Publicou inúmeros artigos e capítulos de livros sobre cultura galega (Rosalía de Castro, Manuel Antonio, Luís Seoane, Xohana Torres, Luz Pozo, María Mariño, Ana Romaní, Chus Pato, Margarita Ledo, Teresa Moure, María Reimóndez), sobre autoras brasileiras (Carol Bensimon, Hilda Hilst), sobre mulheres escritoras-testemunhas da repressão franquista e nazi (Mercedez Núñez, entre outras) e sobre as relações entre cultura galega e a cultura catalã (Basilio Losada, Maria-Mercè Marçal, Maria Antònia Salvà). Desde 2014, coordena, com Mariám Mariño, A Saia, um arquivo digital de publicações feministas e LGBTQI+ (coeditado pelo ADHUC e pelo Consello da Cultura Galega). Foi diretora do Centre Dona i Literatura e das revistas científicas Abriu: estudos de textualidade do Brasil, Galicia e Portugal e Lectora: revista de dones i textualitat.

  

Imagem Xosé Clemente: © Diario da Universidade de Vigo - DUVI

Imagem Carlos Quiroga: Cortesia Carlos Quiroga

Imagem Marco Neves: Cortesia Marco Neves

Imagem Helena González Fernández: CC BY Ramon Moretó

Publicado, 07/08/2022




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