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Jose Saramago
 

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Saramago e a revolução

Breve tentativa de resumo (com o 25 de Novembro ao fundo)

 

 

Fica por saber, depois do que aconteceu, o destino disto que se dizia ser o socialismo português. É essa resposta que se exige: em nome de todas as promessas e garantias com que o povo foi contemplado durante ano e meio . . . Quem pode responder?

José Saramago, “E o Socialismo?” (Os Apontamentos, Lisboa: Seara Nova 1976, 246)

 

 

 

Como todos os membros do Partido Comunista em Portugal, Saramago também esteve, antes da Revolução, constantemente exposto ao risco de ser preso (Saramago 1955: 86). Enquanto escritor, viveu os meses de mudança revolucionária no meio do processo de criação do livro O Ano de 1993, que começou a escrever sob o impacto da repressão do primeiro levantamento do Movimento das Forças Armadas, a 16 de Março de 1974. Inicialmente, motivado por uma atitude de desilusão, esse episódio marcaria o tom pessimista que, ao longo dos anos, continuaria a influenciar o seu pensamento.

 

Apesar da sua filiação comunista, Saramago nunca se deixou arrastar pela euforia revolucionária na mesma medida que a maioria dos seus contemporâneos. Esta postura de distanciamento, mais sóbria e ponderada, foi, muito antes de receber o Prémio Nobel, interpretada pela crítica literária como pessimismo, embora também pudesse ser vista como uma forma de "realismo da prática quotidiana" (Habermas, 1999: 52). Numa entrevista de 1978, na RTP, Saramago explicita essa relação realista com a Revolução, referindo mais tarde, especificamente O Ano de 1993 (1975), como um ponto de viragem fundamental no seu pensamento e na sua obra daquela época (in Gómez Aguilera, 2010: 177).

 

Saramago terminou o livro depois da Revolução e, pouco após a sua publicação, começou a intervir no cenário político como subdirector do Diário de Notícias, com textos comprometidos, até ser demitido, como consequência da crise de 25 de Novembro de 1975, que pôs fim abrupto ao processo revolucionário. Com uma tiragem superior a cem mil exemplares, o DN ocupava uma posição de destaque no panorama mediático, oferecendo a Saramago as melhores condições para se envolver directamente nos acontecimentos revolucionários. Entre 14 de Abril e 24 de Novembro de 1975, publicou um total de 94 colunas, das quais a 95.ª, escrita a propósito do contra-revolucionário 25 de Novembro, não chegou a ser publicada, sendo apenas incluída na antologia Os Apontamentos (1976).

 

Muitos estudos já abordaram os contributos de Saramago no DN, contextualizados pelos eventos políticos da época.[1] A acusação de que Saramago teria sido responsável pela destituição de vinte e dois jornalistas, alguns dos quais ainda ligados ao antigo regime, no Verão de 1975 – uma imputação frequentemente atribuída de forma injusta por críticos conservadores – está igualmente esclarecida.[2] O objectivo aqui é, de forma concisa, destacar as questões que, no contexto das análises anteriores a O Ano de 1993 (cf. Baltrusch 2020a e 2024), ilustram o envolvimento pessoal de Saramago no processo revolucionário.

 

Após o Verão Quente, Saramago foi suspenso, a 25 de Novembro de 1975, pelos vencedores da crise, que pertenciam ao chamado espectro moderado, e ficou sem trabalho. O PCP, provavelmente movido por um ressentimento contra quem não se deixou instrumentalizar à sua maneira, recusou incluí-lo no jornal do partido, O Diário, algo que Saramago nunca lhe perdoou (1998: 91-92). A consequência dessa decisão foi a sua escolha arriscada, mas decisiva, de seguir uma carreira como escritor profissional, o que o levou, inicialmente, a viver da tradução, antes de se mudar para Lavre, onde começaria a escrever o romance Levantado do Chão (1980). Neste sentido, o 25 de Novembro representou, para Saramago, um momento decisivo, tanto no plano político como pessoal e literário.

 

Embora a historiografia ainda se mantenha dividida sobre se os eventos de 25 de Novembro de 1975 foram uma crise ou uma contra-revolução promovida por forças conservadoras, é inegável que a acusação de que o Partido Comunista teria planeado um golpe de Estado e arriscado uma guerra civil foi infundada (Varela, 2010: 236). Também é claro, hoje em dia, que Portugal, nesse dia, cedeu à pressão nacional e internacional para se transformar numa democracia capitalista de mercado, conforme o modelo ocidental. Nas suas colunas, Saramago avisou reiteradamente sobre essa evolução, como, por exemplo, a 18 de Julho de 1975, sob o título A mão do imperialismo:

“Nenhuma dúvida já é possível: ou Portugal cai sob a repressão de um regime neofascista capaz de rivalizar com o Chile de Pinochet e seus mandantes, ou cede às pressões nacionais e internacionais interessadas em fazê-lo ingressar na jangada capitalista e hábil da social-democracia, ou avança decididamente, lutando, para o socialismo.” (Saramago 1976: 135)

 

Como já havia feito numa entrevista televisiva no ano anterior, Saramago recorre ao exemplo do Chile e da queda de Salvador Allende como alerta constante. Acompanhou, com grande atenção, as diferentes formas de intervenção internacional da época, incluindo os comentários irónicos sobre como o embaixador norte-americano Frank Carlucci procurava angariar e promover movimentos moderados e de direita (1976: 221). Saramago sabia que Carlucci tinha sido recomendado à época pelo presidente norte-americano da CIA para evitar a radicalização da Revolução e encaminhar Portugal para uma democracia liberal. Acompanhou também com atenção a fragmentação do MFA em diferentes direcções políticas, embora o sucesso do processo revolucionário dependesse, em última instância, da sua autoridade militar e solidariedade com o movimento popular (Rezola 2010: 225). Saramago defendeu, de forma insistente, a unidade e a solidariedade dentro do espectro de esquerda, entre o MFA, os partidos e o povo (1976: 173-176).

 

Como subdirector, Saramago via a sua função como a de colocar o DN ao serviço da classe trabalhadora, do proletariado da indústria e da agricultura, e do socialismo (1976: 13). Nos seus textos, defendeu de forma intransigente a intensificação do processo revolucionário, no qual o povo deveria ser o principal agente decisor. Nisso, pode também ser vista a tendência anarquista nas suas convicções comunistas, como já se exprime, literariamente, em O Ano de 1993. A partir dos romances Ensaio sobre a Cegueira (1995) e Ensaio sobre a Lucidez (2004), Martel fala de uma “resiliência desta forma subjacente de política anarquista” (2019, 145). Esta forma anarquista pode ser rastreada tanto na literatura de Saramago, como no pano de fundo filosófico das suas colunas no DN, mas também é possível alargá-la à sua obra total e ao seu activismo político ao longo da vida.

 

A singularidade do seu período no DN é descrita por Saramago da seguinte forma: “Aquele jornal veio a ser, durante cerca de oito meses, um insólito fenómeno que muita gente não foi capaz de compreender e muito menos aceitar” (Saramago 1976: 14). A sua avaliação geral da situação é confirmada pela historiografia actual, que, para além disso, aponta que nunca antes na história de Portugal os trabalhadores tinham sentido um orgulho comparável em pertencer à classe operária (Varela 2014: 370).

 

Durante o seu tempo como jornalista, Saramago soube captar o espírito da época e procurou apoiá-lo de forma combativa. Mesmo dois anos depois da sua demissão, continuava a publicar esses textos, ainda com a “convicção minha muito firme que alguma utilidade tiveram e alguma conservam” (1976, 11).[3] A sua postura filosófico-anarquista, apesar de ser membro do Partido Comunista, não se restringe apenas à sua literatura (pelo menos desde O Ano de 1993, se não antes), mas também ao seu activismo público-político (pelo menos desde o tempo no DN, repetidamente retomado, como no seu envolvimento com Chiapas ou no 5.º Fórum Social Mundial). Tanto na sua obra literária como na sua acção pública, as relações interpessoais estiveram sempre no centro da sua reflexão: acções, palavras e feitos que emergem de uma comunidade e não de uma ordem política superior, seja ela qual for.

 

Enquanto jornalista, Saramago antecipou a progressiva instrumentalização conservadora do 25 de Abril de 1974. No prefácio de Os Apontamentos, escreve:

“um novo fascismo que entre nós e contra nós se instale, falará ainda e sempre da Revolução de 25 de Abril, do Movimento das Forças Armadas e talvez mesmo do socialismo: a acção psicológica tendente, na fase actual, a todos estes aproveitamentos, e outros mais subtis, já está em curso” (1976, 15).

 

Para Saramago, a crise de 25 de Novembro foi um “passe prestidigitativo por excelência dos engenhos de dentro e de fora que conceberam e puseram em prática a grande manobra contra-revolucionária que acabámos de sofrer” (1976, 15). O seu último texto para o DN, embora não tenha sido publicado, mantinha-se pessimista e vaticinava consequências inevitáveis: “Houve vítimas. Haverá prisões e, provavelmente, condenações. Fica por saber, depois do que aconteceu, o destino disto que se dizia ser o socialismo português. É essa resposta que se exige: em nome de todas as promessas e garantias com que o povo foi contemplado durante ano e meio... Quem pode responder?”

 

A compilação e publicação das colunas de Saramago no Diário de Notícias (DN) em 1976, na Seara Nova, surge como uma consequência natural da sua postura sempre coerente na defesa de uma revolução popular. O próprio Saramago reconhece o valor dessas colunas como "uma espécie de nível aferidor, de certa maneira capaz de ajudar a localizar onde e quando o processo (revolucionário) português sofreu o seu mais grave desvio desde o movimento do 25 de Abril" (1976, 12).

 

Dois anos depois, com a publicação da colectânea de contos Objecto Quase (1978), Saramago confirma que, após o desfecho desapontante da Revolução dos Cravos, se encontrava numa busca por uma nova forma de se compreender, sem perder o vínculo com as suas raízes proletárias: "Do que nós andamos à procura, hoje, não é tanto de uma 'forma mais original e qualitativa', mas de uma (outra) forma de ser escritor. Nisto estamos muito atrasados em relação aos outros trabalhadores, que esses, sim, são outros (trabalhadores), refeitos nas lutas que tiveram de desenvolver depois do 25 de Abril." (in Gómez Aguilera 2010, 163).

 

Este pessimismo marca profundamente tanto a vida como a obra de Saramago, mas é também parte de um esforço mais vasto de "despetrificar a história" (Grossegesse 1999: 17), bem como de manter viva uma espécie de utopia "concreta" de um "agir contínuo", que ele chegou a definir como "a minha utopia" (Baltrusch 2014: 11). O melhor acesso ao seu vínculo literário e político com a Revolução dos Cravos oferece-o, como se tentou demonstrar, O Ano de 1993 e Os Apontamentos.

 

No contexto do surrealismo histórico ao qual Saramago se referia em O Ano de 1993, é importante também sublinhar a orientação política e anti-burguesa que resultou da colaboração entre André Breton, Diego Rivera e Leon Trotski. No manifesto Pour un art révolutionnaire indépendant (1938), Breton e Rivera escrevem: “Ce que nous voulons : l’indépendance de l’art — pour la révolution ; / la révolution — pour la libération définitive de l’art.” (4). Este desejo coincide com os motivos de Saramago durante a Revolução dos Cravos, como ele próprio expôs em 1979 no jornal de orientação comunista O Diário: “Que foi para mim, como autor, o 25 de Abril? Em palavras mínimas: a possibilidade de ser autor livre. Ainda que, é tempo de o dizer, condicionado por todo o aparelho social, econômico e cultural burguês, que continua a impedir, por formas grosseiras ou hábeis, o exercício pleno dessa mesma liberdade.” (in Gómez Aguilera 2010: 163).

 

A reivindicação de Breton de que o desejo de mudar o mundo tem de implicar uma mudança na própria vida também se pode aplicar a Saramago (mesmo que ele não a tenha adoptado de forma directa na altura): “‘Transformer le monde’”, disse Marx; “‘changer la vie’”, disse Rimbaud. Estes dois lemas para nós são um só.” (Breton 1971, 68).[4] Esse pensamento surge igualmente em O Ano de 1993, quando se descreve poeticamente a ideia do trabalho revolucionário: “mas sobretudo porque este trabalho deve ser feito com as nuas mãos de cada um / Para que verdadeiramente seja um trabalho nosso e comecem a ser possíveis todas as coisas que ninguém prometeu aos homens mas que não poderão existir sem eles” (1987: s.p.)

 

O percurso do jornalista e activista revolucionário José Saramago termina, após o 25 de Novembro de 1975, com desilusão e pessimismo. Pouco antes da sua morte, o autor voltaria a reflectir sobre isso: “Isso é passado, é tão passado que eu já não comemoro o 25 de Abril. Sentir-me-ia um irresponsável celebrando qualquer coisa de que eu não posso ver nenhum sinal, porque tudo o que o 25 de Abril me trouxe desapareceu e não me digam que é porque temos a democracia.” (in Gómez Aguilera 2010: 90).

 

No entanto, o pessimismo de Saramago revelou-se, ao longo de toda a sua obra, produtivo e realista, sempre enraizado numa prática quotidiana. Tal característica deve-se, em grande medida, à sua inclinação anarquista, que lhe permitiu expor as falhas do poder sob diversas perspectivas. O Ano de 1993 oferece, em última análise, a possibilidade de conceber uma política revolucionária anarquista do povo. Contudo, enquanto jornalista e activista comprometido com a revolução, Saramago não conseguiu afirmar plenamente essa posição perante os grupos em disputa pelo poder. Ainda assim, deixou o sinal.

 

A este propósito, evocando Walter Benjamin, Enzo Traverso observa: “As revoluções são a respiração da história” (2022, 22), entendidas como “rupturas temporais, um vazio que se preenche com uma nova efervescência social, e a quebra de todas as convenções aceites” (99). Tanto na vida como na obra, Saramago esforçou-se por explorar esse potencial ao longo de diversos contextos temporais, políticos e culturais, dedicando-se, nos seus últimos anos, sobretudo à expressão literária. Por meio das suas personagens, conseguiu demonstrar como uma vida revolucionária pode não só desafiar qualquer forma de poder, mas também inspirar quem ousa vivê-la.

 

Burgard Baltrusch (CJS-UVigo)

 

 

Referências

 

Baltrusch, Burghard. 2024. “José Saramago und die Nelkenrevolution: poetische und politische Spuren (1974-1975).” In Fünfzig Jahre Nelkenrevolution: Transkulturelle und intermediale Perspektiven auf Portugals demokratischen Wandel seit 1974, editado por Teresa Pinheiro et al., 201–224. Bielefeld: transcript Verlag.
———.
2020a. “‘A arte é o que fica na história’: O Ano de 1993 de José Saramago e as ilustrações de Graça Morais.” Bulletin of Hispanic Studies 97 (7): 763–88.
———. 2020b. “Ensaio sobre a lucidez política de José Saramago.” In José Saramago – 20 Anos com o Nobel, editado por Carlos Reis, 79–98. Coimbra: Universidade de Coimbra.
———. 2014. “‘O que transforma o mundo é a necessidade e não a utopia’: sobre utopia e ficção em José Saramago.” In “O que transforma o mundo é a necessidade e não a utopia”: Estudos sobre Utopia e Ficção em José Saramago, editado por Burghard Baltrusch, 9–19.
Berlim: Frank & Timme.

Breton, André, e Diego Rivera. 1938. “Pour un art révolutionnaire indépendant.” México, 1–16. https://www.andrebreton.fr/en/work/56600100358020 (acesso em 13 de julho de 2023).
———. 1971. Position politique du surréalisme. Paris: Société Nouvelle des Éditions Pauvert.

Gomes, Pedro Marques. 2012. “A Imprensa na Revolução portuguesa: o caso do Diário de Notícias (1974-1975).” Estudos em Jornalismo e Mídia 9 (2): 368–81.
———. 2011. Imprensa e Revolução: Os Saneamentos Políticos no Diário de Notícias no “Verão Quente” de 1975. Lisboa: Alêtheia Editores.

Gómez Aguilera, Fernando, editor. 2010. As palavras de Saramago: Catálogo de reflexões pessoais, literárias e políticas. Elaborado a partir de declarações do autor recolhidas na imprensa escrita. São Paulo: Companhia das Letras.

Grossegesse, Orlando. 1999. Saramago lesen: Werk-Leben-Bibliographie. Berlim: Tranvía.

Habermas, Jürgen. 1999. Wahrheit und Rechtfertigung: Philosophischer Aufsätze. Frankfurt: Suhrkamp.

Martel, James. 2019. “An Anarchist Power Amidst Pessimism: The Overcoming of Optimism in José Saramago’s Blindness and Seeing.” The Comparatist 43: 125–46.

Real, Miguel. 2020. “Os ‘Apontamentos’ de José Saramago no Diário de Notícias em 1975.” In José Saramago – 20 Anos com o Nobel, editado por Carlos Reis, 567–96. Coimbra: Universidade de Coimbra.

Rezola, Maria Inácia. 2010. “Os militares na revolução portuguesa.” In O fim das ditaduras ibéricas (1974-1978), editado por Encarnación Lemus, 209–30. Sevilha: Fundación Pública Andaluza Centro de Estudios Andaluces.

Saramago, José. 2018. Último Caderno de Lanzarote: O diário do ano do Nobel. Porto: Porto Editora.
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Traverso, Enzo. 2022. Revolución: Una historia intelectual. Traduzido por Horacio Pons. Madrid: Akal.

Varela, Raquel. 2014. História do Povo na Revolução Portuguesa: 1974-75. Lisboa: Bertrand.
———. 2010. História Política do Partido Comunista Português durante a Revolução dos Cravos (1974-1975). Lisboa: Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.

 

 


[1]   Cf. Aguiar (2014) ou Real (2020).

[2]   Cf. Vigueira (2007 e 2020), Gomes (2011, 2012), Aguiar (2014), Real (2020) e Veloso (2020).

[3]   Embora fosse também autocrítico em relação ao optimismo por vezes expresso nos seus artigos de opinião: „Nunca teria estimado tanto enganar-me." (1976: 11).

[4]   Em Objecto Quase (1978), Saramago colocou esta conhecida citação de Marx e Engels como epígrafe: “Se o homem é formado pelas circunstâncias, então é preciso formar as circunstâncias humanamente“, da qual ele extraiu a sua "posição comunista" (Saramago 2018: 196). Mas s reinterpretação que Jean-Paul Sartre faz sobre este ponto caracteriza de forma muito mais precisa o pensamento saramaguiano: „Je crois qu’un homme peut toujours faire quelque chose de ce qu’on a fait de lui. C’est la définition que je donnerais aujourd’hui de la liberté : ce petit mouvement qui fait d’un être social totalement conditionné une personne qui ne restitue pas la totalité de ce qu’elle a reçu de son conditionnement“ (cf. Baltrusch 2020b, 92-93).

Publicado, 24/11/2024




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