Nova publicação: «José Saramago: a escrita infinita»
Recentemente foi publicado o livro José Saramago: a escrita infinita (Lisboa, Tinta-da-China, 2022), editado por Carlos Nogueira, diretor científico da Cátedra José Saramago da Universidade de Vigo.
Esta obra recolhe parte dos trabalhos apresentados durante a nossa V Conferência Internacional José Saramago "Escrevo para compreender" (18, 19 e 21 de dezembro de 2020) que teve lugar em formato parcialmente virtual com sede no Museu Nacional da Imprensa no Porto.
Segundo explica o editor no prefácio:
«Os vinte e um textos deste volume são cerca de metade das conferências e das comunicações apresentadas ao longo de uma jornada que não foi apenas ampla e dinâmica; teve a particularidade de aproximar especialistas de gerações muito distintas, com o que isso implica de enriquecimento mútuo, de disponibilização de conhecimento e de sinal sobre o futuro de um autor que é uma das grandes referências internacionais do nosso tempo. [...]
Uma leitura do “Índice” permite apreender rapidamente os principais eixos deste livro, cujas vinte e uma vozes autorais dialogam com as palavras, as ideias, as personagens e as situações criadas por um autor que nos deixou um número surpreendente de obras-primas na forma e no conteúdo [...].
[...] Os estudos disponíveis neste livro são a memória do encontro pessoal e (in)transmissível entre cada um dos autores e José Saramago, escritor tão comprometido com a política e a intervenção pública como com a ética, a cultura e a literatura. Todos estes textos se abrem a outros diálogos que têm igualmente a sua génese no maravilhamento e no compromisso de cada leitor perante as palavras de um homem radicalmente implicado com a vida e a linguagem. Uma linguagem infinita que (re)escreve a vida e nos torna menos limitados."
E tal como certeiramente resume a contracapa: "José Saramago foi um autor de força insubmissa que sempre lutou contra a passividade e a indiferença. Sem nunca se contentar com o espectáculo do mundo, contrapôs à linguagem do poder uma linguagem que (des)constrói e é. A sua obra diz, mostra, lamenta, chora; atrai, seduz, oferece um deslumbramento que tanto arrebata quanto inquieta e transforma quem lê. Não há uma única linha na escrita de José Saramago que suscite mera leitura recreativa, consolo para o tédio da vida ou ostentação de cultura. A literatura e o pensamento de Saramago desassossegam e atraem pela largueza e pela profundidade da visão. Também as leituras que dele fazemos podem ter uma energia indomável, podem ser um modo de acção. É isso que este livro propõe.»
No site da editora podem encontrar mais informações e descarregar um excerto do livro, de que reproduzimos a seguir o índice:
JOSÉ SARAMAGO: A ESCRITA INFINITA - CAPÍTULOS
- Prefácio | José Saramago: (re)escrever a vida (Carlos Nogueira)
- Ensaio sobre a Cegueira e Ensaio sobre a Lucidez: estética e engajamento promovidos por José Saramago, leitor de Karl Marx (Vera Lopes da Silva)
- José Saramago e a sua crítica à democracia: o problema do Mercado como modelo de governança (Fabrizio Uechi)
- José Saramago y la problemática de la pandemia. Desde la “epidemia de ceguera» a las «intermitencias de la muerte” (Miguel Alberto Koleff)
- A irracionalidade do mundo e a presença de cães nos romances de Saramago (Maria Irene da Fonseca e Sá)
- Globalisation, literature and an Iberian “Stone Raft” (Manuel Frias Martins)
- O Ano da Morte de Ricardo Reis: o labirinto que Saramago construiu para Ricardo Reis (Filipe Reblin)
- O ser e a existência n’O Conto da Ilha Desconhecida (Maria da Luz Lima Sales, Paulo Rafael Bezerra Cardoso)
- José Saramago’s The Tale of the Unknown Island in the context of the insular literary imaginary (José Eduardo Reis)
- À procura da “Ilha Desconhecida”: cartografia do Homem (Maria Leonor Castro)
- Aprender a morrer... José Saramago e a escrita da finitude (Monica Figueiredo)
- Um Elogio da Lentidão. A Viagem do Elefante como metáfora da vida (José Vieira)
- Homens no lugar das coisas: diálogos entre atualidade e Objeto Quase (Raquel Lopes Sabino)
- Democracia e Universidade: aprendizagem cidadã por José Saramago (Bárbara Natália Lages Lobo)
- O grito de Cipriano Algor como história de emancipação: análise de A Caverna como recusa em aceitar a cópia imperfeita da vida (Ana Cláudia C. Henriques)
- El deber ciudadano en José Saramago. Una reflexión a partir del discurso pronunciado durante el banquete de recepción del premio nobel (Diego J. González Martín)
- Espaços multiplicados em Todos os Nomes (Álvaro Domingues)
- Subsídios para uma leitura de Alabardas (Maria de Lourdes Pereira)
- Sem mapa nem roteiro: a visão política de Saramago e o conceito de negative capability como base da sua representação narrativa (Ricardo Rato Rodrigues)
- José Saramago – O narrador oral (Miguel Real)
- O castelhano na ficção de José Saramago (Fernando Venâncio)
- Textos de Saramago nos cortes da censura (Luiz Humberto Marcos)